Thursday, March 1, 2012

O Brasileiro


Fazer uma auto avaliação do seu próprio povo não é tarefa fácil, talvez fosse melhor deixar isso para Sociólogos e Filósofos, mas apenas uma breve reflexão creio que não me trará traumas.
Que a nossa formação, acho que uma das mais miscigenadas da história, gerou um povo com cultura e hábitos dos mais singulares e variados possíveis, disso não tenho dúvidas. E acho linda essa cultura, uma das mais coloridas do mundo, basta olhar para nossa bandeira. Porém isso só basta? Dizer que nossa cultura é formada pela fusão e influência de tantas outras é o suficiente? Com o que mais nos identificamos?
Acho que uma questão que já desde 1500 veio dificultar a compreensão da consciência brasileira, foi o fato dos portugueses que aqui chegaram terem tratado o grande território e o povo que nele vivia como um todo, sem se dar conta da enorme variedade de etnias que já estavam adaptadas as mais diversas regiões do Novo Mundo, extraíram e assimilaram o que lhes era conveniente e esconderam o resto.
O europeu recém-chegado precisava rapidamente dominar, explorar e proteger as terras, pra isso teve que aprender com a vasta cultura indígena totalmente desenvolvida às necessidades naturais. Com o objetivo de civilizar, logo nascem às primeiras gerações de luso-brasileiros, crianças geradas em ventres de índias fecundados por exploradores portugueses. Nessa geração de mamelucos já estava automaticamente inserida a ordem colonial de rejeitar as tradições tribais, julgadas atrasadas e hereges, porém tão necessárias para os invasores explorarem a terra. Surge o primeiro complexo na psique do neobrasileiro, talvez até um pouco freudiano, só que às avessas. Esses mestiços, que por longo tempo foram o motor que movimentou o suposto desenvolvimento, possuíam um desejo de serem inseridos dentro da cultura ocidental, para isso rejeitavam as mães com todos os seus modos tribais e primitivos, porém ao mesmo tempo eram rejeitados pelos pais ibéricos.
Séculos mais tarde, quando o Brasil conseguiu formar núcleos intelectuais, os integrantes que teriam a oportunidade de aceitar e compreender nossa condição, continuaram acatando a ordem colonial. Ou teriam negado o legado por julgar o Indígena Brasileiro menos desenvolvido se comparado a outros na América como Incas e Astecas? Porém na minha opinião as comunidades indígenas encontradas em nosso território possuíam menor número populacional por uma questão de preservação e equilíbrio ambiental.
Será essa mesma rejeição que até hoje nos faz negar a Cultura Ancestral Indígena? Somos apenas ocidentais vivendo na América? Entendi que devemos parar de procurar semelhanças com outras nações, conhecer nossa formação sim, mas sem comparações, somos únicos, somos brasileiros. Somos a cultura preparada durante séculos por índios e africanos socando juntos, no mesmo pilão mandioca, milho, pimenta, feijão, inhame, quiabo e temperando com ervas de todas procedências, contrariando as receitas dos senhores portugueses, para fazer à rica e saborosa paçoca que somos hoje.

1 comment:

  1. ola irmão!! desde cedo que me identifiquei com os indigenas, sua cultura, sua espiritualidade, e sempre defendi suas causas. estou organizando uma manifestação aqui em lisboa pela causa indigena.
    soube, agora mesmo atraves de um primo meu, que minha trisavo era Tupi, ou seja deve ter sido desses casos de invasão que fala em seu blog.mas para mim explica muita coisa, e embora não me orgulhe da historia dos portugueses e por mim, nunca teria havido "descobridores", me orgulho de minhas raízes indigenas, encontrando explicação para muita coisa e pra aquilo que sinto como minha missão na Terrra.quis partilhar.abraço com muita luz!!!!

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